Qual é o meu lugar?

O mundo virou uma esquina. Com duas horas de vôo posso estar em outro país, como a Argentina. Com cinco estou na América Central ou no Caribe. Imaginem isso há milhares de anos atrás? As caravelas demoravam anos para chegar ao seu destino e deixavam suas viúvas literalmente a “ver navios”. Hoje podemos estar onde quisermos. 

Podemos, inclusive, estar longe ou perto virtualmente. Pelo celular que nos acha em qualquer lugar, pela internet. Outro dia minha amiga que mora no Canadá descobriu até como ter um telefone com o prefixo de São Paulo! De fato a tecnologia encurta as distancias e torna as pessoas que moram muito, muito longe, vizinhos de bate-papo. 

Mas e as distancias de dentro? Se tivermos um avião que nos leva para o Canadá em 12 horas de vôo, como eu faço para ir para dentro de mim? Será que já inventaram um avião para que eu tenha mais contato comigo mesmo? Será que existe uma internet que procure dentro de mim aquilo que eu preciso? 

A resposta é sim. Tem sim, e, aliás, as idéias tecnológicas nada mais são do que reproduções daquilo que já temos por dentro (sendo bem “platoniana” mesmo). Mas o pequeno problema é que estes meio, tão a nossa disposição, podem não ser muito bem usados na maioria das vezes. 

Vejo pessoas que sonham morar fora do Brasil o tempo todo. Vejo pessoas que querem isso porque é realmente da alma delas. Já se estudaram o suficiente para saber que aqui não é o seu lugar. Mas algumas pessoas ainda fogem de si indo para longe. É aquela coisa “já que não tenho coragem de me conhecer, fujo”. Precisamos tomar cuidado com as nossas fugas. Aquelas que nos fazem não mais nos conhecermos, mas sim comprarmos uma idéia de felicidade pronta. 

Idéia de que existem lugares piores e melhores do que aqui. Na verdade, para onde quer que você vá, sempre terá que levar você consigo. Não tem como se deixar aqui e mudar, de mala e cuia, do outro lado do planeta. Por isso acredito que uma experiência fora do seu país de origem é muito válida e ensina muito, desde que você esteja preparado e consciente para ela. 

Não é porque o lugar é diferente que seus problemas desaparecerão. Porque a energia é o que atrai os nossos problemas e se ela for igual, não tem jeito. No Brasil tem violência demais, mas tem calor. A neve pode ser um problema para morar no Canadá ou uma experiência muito agradável. A verdade é que não existe o lugar perfeito e sem problemas. Isso está dentro de nós. 

Por isso, antes de decidir se mudar, de casa, de escola ou de país, olhe para dentro. Veja o quanto a sua alma quer de verdade esta experiência e se ela não é só uma maneira de procurar um novo lugar para cometer os velhos erros. Se a resposta for sim, é isso que eu quero, com certeza será uma das melhores experiências da sua vida. Mas se for não, pense mais um pouco. Do que é que eu posso estar fugindo? Como eu resolvo isso? E, depois de respondidas a estas perguntas, com certeza, será uma escolha de verdade e uma experiência única.Pense nisso!